quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O mundo castrejo, um grande desconhecido

Antes de começar a falarmos dos castros que no Valadouro há, devermos fazer uma pequena viagem em torno ó que a historiografia do ferro inicial nos aporta neste nosso Finis Terrae. Durante as ultimas décadas, e sobre todo logo da incursão das teorias pós-franquistas de negar todo o passado fora bom ou não, levamos um tempo escapando como do lume da nossa origem céltica. Para a maioria dos conhecedores ainda que resulta difícil eludir a procedência do nosso povo da grande migração dos campos de furnas de Halstate e La Tenne, desde territórios mas cara o oriente, parece que dalgum jeito estranho os galegos aparecemos aqui da nada e não somos parentes de ninhem. Primeiro, antes de entrar em matéria coobem conhecer de onde vem a denominação de celta, os próprios povos de raiz linguística céltica, não se conheciam como comuns entre si e soíam ter uma vida mais dada a visão de abaixo para arriba, da que já falaremos, que de arriba para abaixo. Foram os geógrafos gregos e latinos, não é hora de entrar agora em matéria, recomendo-vos “Los heterodoxos españoles” para aquecer motores, que, vindo doutras latitudes tentaram encontrar semelhanças que pode que nim nós conhecêramos então. Celta vem duma generalização latina provinte dum tipo de escudo denominado Keltoi, similar as rodelas medievais, representado nas medas que acunhou augusto em Lucus, que ao parecer era comum a uma serie de povos com costumes similares. Somos celtas pois por obra e gracia dos romanos e dos gregos, senão seriamos, não sei, indo europeus ?, desta maneira intento não levar-lhe a contra a quem nos inventou e considerar-me também parte dum povo celta, moi contaminado polo comercio ( Estrabom descia dos Cântabros que já não sabiam utilizar a sua língua nim rezar aos seus deuses, senão que usavam os romanos). Mas o problema surgiu da mão de dous factores principais, primeiro, o furibundo celtismo do que se fizeram gala ata Chamoso Lamas, Florentino Lopez Cuebillas etc, arqueólogos e historiadores do réxime, como não, e absolutamente para científicos (método do sacho); e por outra banda a absoluta inexistência de resto algum de dialecto céltico na Galiza, tanto falado como em palavras que não suscitem dudas ao filólogo. Pois bem então que somos ? , pois castrejos, vai-te ti a saber que é isso, autônomos vaia, nem celtiberos, nem iberos, nem nada, castrejos...recomendo-vos o livrinho de Calo Lourido que publicou anos atras A Nossa Terra (de recende defunção R.I.P.), livro que foi manual de todo historiador dos últimos 20 anos, cando menos desde que o Professor Moralejo dizer aquela recordada frase. “-en Galicia los únicos celtas estan em los paquetes de tabaco....” bravo !!!!, logo da animalada já veremos se se pode sustentar em algo ou senão já a sustentaremos nos. Felizmente nestes últimos anos tenham nado novos autores como André Pena Granha, ou Branca Alvalat que defenderam na clandestinidade a nossa segura origem céltica, apoiando-se na teonímia presente em nome de rios e vilas, e na toponímia menor de montes e acidentes geográficos, trabalhos todos eles moi interessantes (algo mas para cientifico o de André, pero que se lhe vai fazer, é reintegracionista)
Não seria justo se deixara à malta de anti celtistas sem as suas raçoes bem apresentadas para que vozes decidam, não são de muita dificuldade há que reconhecer, já falamos do problema linguístico, pedra angular das suas teorias, mas quando uma teoria naze é de convir soste-la sob alguma prova. Sem comentarias, se a nossa raiz ligústica não for céltica, que for ?, alguma ideia ?....; Por outro lado sustentam-se também na falta de continuidade entre os restos relacionáveis com os campos de furnas do bronze final e os que nos podemos aportar também desse período e posteriormente do ferro inicial. Mas em Galiza não se escavou praticamente, esta não é Irlanda, nem Suécia, aqui temos a contração de povoados pre romanos maior de toda Europa e o 90% estão a silvas, sei de boa tinta dum arqueológico de profissão mas que sem licencias da nossa nefasta lei de Patrimônio que tem atopado para o seu colete peças que em muitos museus europeus não tenham nem sonhariam, sorte é a nossa de termos zoas pantanosas permanentemente encharcadas onde se conservaram restos lígneos de miles de anos de antiguidade pela ausência de oxigeno durante o processo de putrefacto, tenho em privado contemplado verdadeiras maravilhas, que jamais chegaram a um museu pois se decides doá-las provavelmente recibas de premio uma multa por tê-las encontrado, em fim....
Voltando ao que estávamos, a malta anti celtista, também se sustenta na quase que total ausência de métodos defensivos nos castros que ainda conservamos, não falo de muros, nem de foxos, que em boa parte demarcavam unicamente um espaço habitado (aí estou de acordo com eles) senal de restos de luta, armas, pedras fincadas no chão para impedir a entrada de cavalerias, etc, comuns, tudo há que deci-lo ás formações pre romanas do resto da celtia. Também estranha a ausência de certos adereços comuns na ourivesaria céltica, como podem ser as lunulas, das que nas dispomos (sempre em principio) e das que por Europa adiante são excedentários, a disposição dos povoados, o tipo de morada muito romanizada em geral e a escasseza de cultura material própria que não possa atribuir-se a malas copias de outra comum latina.
Bem, somos um povo de comerciantes, nas nossas costas era tradição no medievo localizar a Solitio Magna ilha da fim do mundo e possível Abalom das lendas artúricas, mantínhamos contato comercial tanto co norte cruzando o cantábrico e chegando à Bretanha e à Irlanda (do que temos um muito bonito conto no Lebor Gabála Érenn ) como co sul costeando a linha da Lusitânia, desde o Mediterrâneo logo de cruzar as colunas de Hércules, quer dizer, fenícios, iberos, gregos, latinos etc... à procura de estanho e metais preciosos, assim os nossos povoados ainda que eslavaçados como era próprio destes tempos do ferro inicial, sempre conheceram melhor aos visitantes de fora da península que aos seus próprios vizinhos de porta com porta. A língua de origem deveu cruzar rapidamente, igualmente que as raças (tanto atopamos o modelo dolicocéfalo céltico como o braquicéfalo negroide e semítico e as suas misturas). Unicamente os castros de interior, habitando de costas ao mar e com um regime de autossustentação propriamente dito, podem fazer gala de conservar restos apenas reconhecíveis duma gens primitiva chegada aos finais da idade do bronze. Assim a nossa língua deveu passar pronto a ser uma especie de galicinglis (como falam hoje os pescadores de Burela quando arribam na Irlanda) inteligível por multitude de povos comercientes.
Não quero fazer-me pesado neste pormenor, mas combem que troquemos aginha a nossa ideia do que for no seu tempo a vida no mundo castrejo. A cabana de Santa Tecla que recompuso Chamoso Lamas, pode que se semelhara algo ás que dispunham os castros interiores, ainda que tenho as minhas dudas, hoje sabemos que, por médio dum estudo arqueológico mais exato e consciencizado, as vivendas castrejas estavam foscadas na sua maioria, também pintadas de cores e com imitações arquitetônicas nos vãos, a elegância que se pode ver na ourivesaria não ficava longe da que se usava no vestir, pois esta aceptado que a ideia do bárbaro com peles é absolutamente falsa e antiga, mas bem teríamos que buscar gestes refinadas, com tecidos tanto de fabricação própria como importados de vivas cores e com multitude de adornos em ouro, prata e bronze. A guerra dos escotos ou pictos, unicamente vestidos coas cores que tingiam seus corpos nus tampouco encaixa bem, pelos torsos de guerreiro que conservamos, sabe-se que ademais do torques, autentico totem de virilidade e poder sobre a tribo, as saias ou saios de franjas e provavelmente de cores eram comuns, a rodela ou escudo pequeno e circular, algum tipo de espada curta a modo de gladium e, por fim, acouraçamentos feitos de peles curtidas ou mesmo bronze, ao igual que os cascos de taça dos que conservamos algum exemplo votivo de enorme interesse.
As mulheres deveram afermosear tanto como o fariam gregas ou fenícias, e muitas das arrecadas e diademas de ouro que coa nossa cultura se relacionam precisariam dum estudo mas detalhado para atribuir o seu uso ao gênero masculino ou feminino.

3 comentários:

  1. moi ben apresentado e cunha boa documentación pero se pretendes entrar en debate... quizabes que non seña o mellor camiño; eso si como artigo cientifico, magnífico (non porque seña a túa dona,ben o sabes), pero por iso mesmo dificilmente rebatible e "abrible" ó debate

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  2. acredito, mas que posso fazer, simplesmente presento dados e algun até polémicos mas suponho que nao para o entorne onde se difundem

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  3. assim nao ha maneira de ter seguidores....gonavi....

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